O papel estratégico das stablecoins no novo cenário financeiro global
As stablecoins, criptomoedas atreladas a ativos estáveis como o dólar, estão no centro das atenções do setor financeiro. A regulamentação dessas moedas digitais é apontada como o “próximo grande catalisador” para o crescimento da indústria cripto, segundo Ash Pampati, chefe de ecossistema da Aptos Foundation.
Durante a Consensus 2025, em Toronto, Pampati destacou que a adoção das stablecoins já é realidade em diversos países fora dos Estados Unidos e que a regulamentação nos EUA está prestes a se concretizar. Com isso, abre-se uma janela de oportunidade para investidores institucionais e para o redesenho do setor financeiro como conhecemos hoje.
Por que as stablecoins são importantes?
As stablecoins funcionam como uma ponte entre o sistema financeiro tradicional e o universo cripto. Diferentemente do Bitcoin ou do Ethereum, que possuem alta volatilidade, as stablecoins mantêm paridade com moedas fiduciárias, como o dólar ou o euro, oferecendo estabilidade e facilidade de uso.
Seus principais benefícios incluem:
- Transferências internacionais rápidas e com baixo custo
- Proteção contra a inflação em economias instáveis
- Facilidade de integração com plataformas digitais e fintechs
- Eficiência em transações B2B e B2C
Segundo Pampati, as stablecoins têm o potencial de tornar os trilhos financeiros 100% onchain, revolucionando modelos de negócios e aumentando a inclusão financeira.
América Latina lidera o uso prático de stablecoins
De acordo com uma pesquisa realizada pela Fireblocks, a América Latina é a região com maior adoção prática de stablecoins no mundo. Cerca de 71% dos entrevistados afirmaram usar stablecoins para pagamentos internacionais — superando outras regiões como Ásia, Europa e América do Norte.
Essa liderança regional é impulsionada por:
- Alta inflação e desvalorização cambial em diversos países
- Forte dependência de remessas internacionais
- Limitações nos sistemas bancários tradicionais
Ainda segundo o levantamento, 50% dos entrevistados latino-americanos acreditam que as stablecoins representam uma alternativa mais barata aos sistemas tradicionais de transferência, como SWIFT e transferências bancárias internacionais.
Empresas estão preparadas para adoção em massa
A pesquisa da Fireblocks também revelou um cenário otimista entre empresas: 86% afirmam estar tecnologicamente prontas para adotar stablecoins em seus processos. Além disso, 75% enxergam demanda real por parte de seus clientes, especialmente em setores como fintechs, e-commerce e serviços internacionais.
Essa abertura do setor corporativo indica que, com o avanço da regulamentação, a adoção institucional pode ganhar escala global rapidamente.
Regulamentação: o elemento-chave para destravar o potencial das stablecoins
Apesar dos avanços tecnológicos, a regulamentação ainda é o principal fator limitante para a adoção massiva das stablecoins. No entanto, diversos países e blocos econômicos estão progredindo nesse aspecto:
- União Europeia: com o regulamento MiCA, que estabelece regras claras para emissores de stablecoins.
- Emirados Árabes Unidos: criando legislações específicas para integrar criptoativos ao sistema financeiro.
- Estados Unidos: discutem o GENIUS Act, uma proposta de regulamentação que ganhou apoio bipartidário após tentativas anteriores fracassadas.
Com a redução das barreiras legais, o mercado tende a responder rapidamente. O interesse institucional já existe e, segundo Pampati, a regulamentação será o estopim para uma nova fase da economia digital.
Casos de uso práticos e a eficiência do dólar onchain
Um dos pontos mais relevantes destacados por Pampati é o uso das stablecoins como forma eficiente de movimentar o dólar onchain, ou seja, digitalmente e sem fronteiras. Ele ilustra com um exemplo simples:
“Se você está tentando enviar dinheiro para um amigo na Nigéria, por que precisa passar por tantos obstáculos?”
Com as stablecoins, esse processo pode ser feito em segundos, com menor custo e mais transparência. Esse uso prático tem implicações importantes tanto para usuários comuns quanto para empresas que operam internacionalmente.
O futuro do setor cripto e fintechs com stablecoins regulamentadas
A regulamentação das stablecoins pode abrir portas para novos produtos financeiros digitais, como:
- Contas bancárias baseadas em blockchain
- Cartões de débito lastreados em stablecoins
- Financiamentos e empréstimos onchain
- Pagamentos cross-border instantâneos
Com trilhos totalmente digitais, será possível repensar o papel das instituições financeiras e permitir que empresas nativas digitais entreguem experiências mais ágeis, acessíveis e globais.
Conclusão
O avanço da regulamentação das stablecoins representa uma oportunidade histórica para modernizar o sistema financeiro global. Com ampla aceitação na América Latina, empresas prontas para adotar e investidores atentos, o setor cripto está prestes a passar por uma transformação profunda.
As stablecoins não são apenas uma moda passageira — são uma resposta eficiente, tecnológica e global às limitações do sistema financeiro tradicional. E sua regulamentação pode ser o impulso que faltava para levar o dinheiro digital ao centro da economia mundial.