Brasil Compra a Queda Enquanto Crise Abala o Mercado Global
Em meio ao crash cripto provocado pelas tensões entre Estados Unidos e China e pela nova crise bancária norte-americana, o Brasil se destacou ao seguir o caminho oposto de grande parte do mundo. Segundo relatório da CoinShares, investidores brasileiros aproveitaram a queda para aumentar suas posições em criptoativos, com entradas líquidas de US$ 6,9 milhões (R$ 37,3 milhões) na semana encerrada em 17 de outubro.
Enquanto o pânico dominava os mercados globais, com US$ 513 milhões em saídas líquidas de fundos de criptomoedas no mundo, o movimento brasileiro mostrou confiança na recuperação do setor e reforçou o país como um dos mercados mais receptivos a produtos de investimento digital.
Trump, China e Bancos Regionais: O Efeito Dominó da Crise
O cenário global foi abalado no dia 10 de outubro, quando o presidente Donald Trump anunciou tarifas de 100% sobre produtos chineses na plataforma Truth Social. A resposta da China foi imediata: o país reforçou o controle sobre exportações de terras raras, gerando pânico nas bolsas e um efeito cascata no mercado cripto.
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A crise bancária nos Estados Unidos ampliou a turbulência. Bancos regionais como o Zions Bancorporation e o Western Alliance relataram perdas milionárias e processos judiciais, reacendendo o medo de contágio financeiro. O resultado foi uma corrida de liquidez e uma onda de liquidações em exchanges como a Binance, que registrou US$ 20 bilhões em posições liquidadas em apenas um dia.
Esse movimento desencadeou um verdadeiro “banho de sangue” nos derivativos e fez com que stablecoins perdessem momentaneamente a paridade com o dólar. Diversas altcoins usadas como garantia de empréstimos também chegaram a zerar em algumas plataformas.
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Brasil, Alemanha e Suíça Viram Oportunidade na Crise
Ao contrário do que ocorreu nos Estados Unidos e na Suécia que registraram, respectivamente, US$ 621 milhões e US$ 54,2 milhões em saídas líquidas alguns países aproveitaram o colapso de preços como janela de oportunidade.
O Brasil liderou esse movimento na América Latina, seguido por Alemanha (US$ 59,3 milhões), Suíça (US$ 48 milhões), Canadá (US$ 42,3 milhões) e Austrália (US$ 8,2 milhões). Outros países também registraram aportes líquidos somando US$ 7,8 milhões.
No total, o volume global de negociações chegou a US$ 51 bilhões, quase o dobro da média semanal de 2025, refletindo a intensidade das compras e vendas durante o pânico.
Altcoins Reagem com Força: FLOKI, AUCTION e BIO Sobem Até 60%
Após o colapso inicial, algumas altcoins surpreenderam com fortes recuperações. FLOKI, AUCTION e BIO registraram altas de até 60%, impulsionadas pela leve reação do Bitcoin, que voltou temporariamente à casa dos US$ 111 mil.
Esse comportamento reforçou a resiliência do mercado cripto, especialmente entre investidores que buscaram diversificação em ETPs (Exchange-Traded Products) baseados em altcoins.
Enquanto fundos de Bitcoin e cestas multiativos tiveram as maiores saídas semanais US$ 946 milhões e US$ 29,1 milhões, respectivamente os ETPs de Ethereum (ETH), Solana (SOL), XRP, Sui (SUI), Cardano (ADA), Chainlink (LINK) e Litecoin (LTC) registraram entradas líquidas expressivas, totalizando mais de US$ 450 milhões.
Fundos e Gestoras Reagem ao Crash
Os dados mostram que gestoras associadas a grandes ETPs, como iShares (BlackRock), Grayscale, ARK 21 Shares, Fidelity Wise Origin e Bitwise, registraram as maiores saídas líquidas, totalizando mais de US$ 1,6 bilhão.
Por outro lado, gestoras como ProShares ETFs, CoinShares Digital Securities e 21 Shares AG conseguiram captar novos recursos, com entradas de US$ 96 milhões, US$ 41 milhões e US$ 12 milhões, respectivamente.
Esses números refletem uma mudança de preferência entre investidores: parte do capital institucional está migrando para produtos mais flexíveis e focados em altcoins, considerados mais ágeis em períodos de volatilidade.
Brasil Mantém Posição Entre os Maiores Mercados Cripto do Mundo
Mesmo com a volatilidade e a queda de preços, o Brasil continua entre os seis maiores mercados de fundos cripto do mundo, com US$ 1,57 bilhão em ativos sob gestão (AuM).
No ranking global, o país fica atrás apenas dos Estados Unidos (US$ 154,32 bilhões), Suíça (US$ 7,85 bilhões), Alemanha (US$ 6,84 bilhões), Canadá (US$ 6,60 bilhões) e Suécia (US$ 3,41 bilhões).
Essa posição reforça o papel estratégico do Brasil no ecossistema global de criptoativos e demonstra como o país tem se consolidado como um polo de adoção e investimento institucional.
Especialistas Veem Resiliência e Potencial de Retomada
Apesar do cenário de turbulência, analistas seguem otimistas com o potencial de recuperação. Para muitos, a resiliência do Bitcoin, que se manteve próximo de US$ 111 mil após o pânico, mostra que o mercado já está mais maduro e preparado para choques externos.
A BlackRock também reforçou, em relatório recente, que criptoativos tendem a ocupar espaço crescente em portfólios globais, incluindo fundos de pensão, bancos e investidores institucionais.
“Do varejo à tesouraria, os criptoativos estarão presentes nas carteiras de todos os brasileiros”, destacou a gestora, apontando o país como um dos mais promissores para o avanço da tokenização e dos investimentos digitais.
Conclusão: Crise Global, Oportunidade Local
Enquanto o mundo reagia com medo ao colapso de preços e à incerteza bancária nos EUA, o Brasil e outros países aproveitaram o momento para comprar a queda.
A estratégia se mostrou acertada: altcoins reagiram, o Bitcoin estabilizou e os fluxos de entrada indicam que o interesse institucional continua forte.
Em um cenário em que volatilidade se mistura com oportunidade, o Brasil reafirma sua posição de destaque no mercado cripto, mostrando que a maturidade dos investidores locais pode transformar momentos de crise em portas para o crescimento.


