A escalada do conflito entre Israel e Irã voltou a pressionar os mercados globais, intensificando temores sobre instabilidade no Oriente Médio e seus reflexos na economia mundial. Porém, ao contrário do que se esperaria de um ativo volátil, o Bitcoin (BTC) demonstrou força e resiliência, surpreendendo analistas e investidores.
Bitcoin Ignora a Crise e Segura Suporte Acima dos US$ 100 mil
De acordo com dados da CoinGecko, o Bitcoin encerrou a semana passada praticamente estável, com leve queda de 0,1%, mesmo após registrar uma correção de 7% durante os dias mais tensos do conflito. A criptomoeda manteve-se confortavelmente acima do suporte de US$ 100.000 e atingiu máximas locais de até US$ 108.780.
Para Diego Consimo, CEO da Crypto Investidor, esse comportamento representa um marco no amadurecimento do ativo digital. Segundo o analista, o Bitcoin está se consolidando dentro de uma zona de preço entre US$ 100.000 e US$ 110.500, mostrando força mesmo em um ambiente global instável.
“Historicamente, tensões geopolíticas provocavam quedas de dois dígitos no preço do BTC. Agora vemos um comportamento mais maduro, com recuperação rápida e suporte técnico preservado”, afirma Consimo.
Criptomoedas Como Refúgio: O Novo Ouro Digital?
A gestora QR Asset Management também destacou esse novo padrão. Em seu boletim semanal, a empresa observou que o Bitcoin passou a reagir de forma diferente durante crises globais, consolidando sua imagem como um ativo de proteção – algo antes reservado apenas ao ouro.
Embora crises geopolíticas ainda causem reações iniciais negativas nos mercados de risco, as criptomoedas tendem a se recuperar mais rapidamente devido à sua descentralização e liquidez global. Esse novo status do Bitcoin como “porto seguro digital” começa a se consolidar entre analistas e gestores institucionais.
Além disso, fatores como a escassez programada do ativo (com seu suprimento limitado a 21 milhões de unidades) aumentam o apelo do BTC como reserva de valor em tempos de inflação e instabilidade política.
Política Monetária dos EUA: Um Fator-Chave
O cenário macroeconômico internacional também está em foco. A próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) nos Estados Unidos será decisiva. Embora os últimos dados de inflação tenham vindo abaixo do esperado, a perspectiva de cortes nas taxas de juros ainda é incerta.
As políticas tarifárias do governo Trump e a alta dos preços do petróleo podem impactar diretamente o comportamento do Federal Reserve nos próximos meses. Isso, por sua vez, influencia o apetite por ativos como o Bitcoin, considerados alternativas ao sistema financeiro tradicional.
O investidor Anthony Pompliano observou, em publicação no X (antigo Twitter), que a combinação de alta do petróleo e queda do dólar já serviu como catalisador para grandes movimentos do Bitcoin em ciclos anteriores.
Análise Técnica Reforça Possibilidade de Alta
Do ponto de vista técnico, o cenário é animador. Consimo aponta que o Bitcoin segue acima da média móvel de 50 períodos no gráfico diário, o que reforça a continuidade da tendência de alta. Ele também destaca dois indicadores fundamentais:
- OBV (On-Balance Volume): rompeu a linha de tendência de baixa, indicando entrada de volume comprador.
- RSI (Índice de Força Relativa): próximo de romper sua própria LTB, sugerindo força no movimento de alta.
Esses dados indicam que a estrutura atual do mercado favorece um novo teste do topo histórico, com possíveis alvos entre US$ 112.000 e US$ 114.000.
Derivativos Podem Impulsionar um Short Squeeze
Outro fator que pode acelerar a alta é a estrutura do mercado de derivativos. Segundo a plataforma CoinAnk, mais de US$ 1,3 bilhão em posições vendidas (shorts) estão posicionadas acima da faixa atual de preço. Caso o BTC supere os US$ 110 mil, um fenômeno conhecido como short squeeze pode ocorrer, impulsionando ainda mais o preço.
Esse tipo de movimento costuma gerar liquidações em massa, forçando os vendedores a recomprar BTC rapidamente, o que alimenta a alta.
BTC na B3: Futuros Disparam Apesar da Volatilidade
A demanda institucional também continua crescente. Segundo dados recentes, os contratos futuros de Bitcoin negociados na B3 dispararam 667% em maio, mesmo com queda no volume total de derivativos. Isso demonstra que investidores institucionais seguem confiantes na tendência de valorização do ativo.
Essa expansão do mercado cripto dentro de ambientes regulados, como a B3, fortalece ainda mais a legitimidade do Bitcoin perante o sistema financeiro tradicional.
Conclusão: BTC Entra em Nova Fase?
A resposta do Bitcoin à crise no Oriente Médio pode marcar o início de uma nova fase. Mais do que um ativo especulativo, o BTC começa a se firmar como uma opção de proteção diante de incertezas globais.
Com suporte técnico forte, fundamentos macroeconômicos favoráveis e um mercado de derivativos prestes a gerar pressão compradora, o cenário aponta para uma possível nova máxima histórica no curto prazo.
Ainda assim, é importante reforçar que o mercado de criptomoedas é altamente volátil. Investidores devem manter cautela e se informar com fontes confiáveis antes de qualquer movimentação financeira.
⚠️ Aviso
Este artigo é apenas para fins informativos e não deve ser interpretado como recomendação de investimento. As opiniões expressas são do autor e não refletem necessariamente as outras instituições. Consulte sempre profissionais financeiros qualificados antes de tomar decisões de investimento em criptoativos.