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Bitcoin luta para romper US$ 105 mil enquanto incertezas econômicas moldam o mercado

Bitcoin luta para romper US$ 105 mil

O Bitcoin (BTC) tem enfrentado uma resistência significativa ao tentar ultrapassar a marca dos US$ 105.000, um patamar que se consolidou como barreira técnica desde 10 de maio. Embora o ativo digital tenha se recuperado brevemente para US$ 104.000, analistas observam uma queda expressiva no entusiasmo por posições alavancadas, refletida na redução do prêmio dos futuros de BTC. Essa hesitação do mercado ocorre num contexto de incertezas econômicas nos Estados Unidos, incluindo dados fracos da inflação ao produtor e expectativas mistas em relação à política monetária do Federal Reserve.

Confiança institucional cresce, mas traders mostram cautela

Um dos pontos positivos que sustentam o preço do Bitcoin acima de US$ 100 mil é a entrada constante de capital institucional. No dia 14 de maio, ETFs de Bitcoin à vista nos EUA registraram US$ 320 milhões em entradas líquidas, sinalizando um crescente apetite por exposição à criptomoeda. Esses fundos negociados em bolsa (ETFs) são instrumentos que permitem aos investidores tradicionais acessar o mercado de Bitcoin de forma mais segura e regulamentada, o que fortalece a adoção institucional.

Contudo, esse otimismo ainda não se traduz em uma pressão suficiente para romper a resistência de US$ 105 mil, em parte devido à menor demanda por posições compradas alavancadas. Em 14 de maio, o prêmio anualizado dos futuros de BTC caiu de 7% para 5%, nível considerado neutro-pessimista. Essa queda indica que traders mais agressivos estão evitando assumir grandes riscos, preferindo uma postura conservadora diante da volatilidade.

Correlação com o S&P 500 e impactos da política monetária

O desempenho do Bitcoin continua a refletir diretamente os movimentos do mercado de ações, especialmente do índice S&P 500. A recuperação do BTC para US$ 104 mil coincidiu com a reversão de perdas dos futuros do S&P 500 em 15 de maio. Essa correlação sugere que investidores estão atentos à política monetária e à saúde fiscal dos EUA.

Recentemente, o presidente do Fed, Jerome Powell, alertou sobre a possibilidade de juros elevados por um período mais longo, caso persistam “choques de oferta” na economia. Isso levanta dúvidas sobre o momento ideal para flexibilização monetária, o que impacta diretamente o mercado cripto. Juros mais altos tendem a reduzir o apetite por ativos de risco, como o Bitcoin, enquanto juros mais baixos podem favorecer sua valorização.

Indicadores macroeconômicos aumentam a incerteza

O recuo do Índice de Preços ao Produtor (PPI) em abril, com uma queda de 0,5% em relação ao mês anterior, surpreendeu os economistas que esperavam um aumento. Esse dado sinaliza fraqueza econômica e aumenta as especulações de que o Tesouro dos EUA poderá ser forçado a injetar liquidez no mercado para evitar uma desaceleração mais profunda.

Esse cenário favorece ativos de renda fixa: o rendimento dos títulos de 10 anos caiu para 4,45%, revertendo a tendência de alta da semana anterior. Historicamente, o Bitcoin tende a performar melhor em ambientes de rendimento ascendente, quando há menor confiança na capacidade do Tesouro em administrar sua dívida pública. Portanto, essa reversão pode ser um sinal de alerta para o mercado cripto, pois indica maior aversão ao risco entre investidores tradicionais.

Opções de Bitcoin revelam confiança no suporte dos US$ 100 mil

Analisar o mercado de opções ajuda a entender o sentimento real dos traders. O skew delta, indicador que mede o apetite por opções de venda (put) versus compra (call), atingiu -4%, indicando uma posição neutra com leve viés positivo. Isso demonstra que, apesar das incertezas, os investidores continuam confiando na solidez do suporte em US$ 100.000.

Curiosamente, as opções de venda do Bitcoin estão sendo negociadas com desconto em relação às opções de compra, um sinal incomum que revela uma confiança maior em um piso estável para o preço do BTC. No entanto, esse otimismo registrado no meio de maio diminuiu em relação a semanas anteriores, o que reforça a ideia de que o mercado está aguardando um novo catalisador para um movimento mais decisivo.

O que pode destravar o rompimento de US$ 105 mil

Para que o Bitcoin supere os US$ 105.000, será necessário um impulso macroeconômico mais favorável. Entre os fatores que podem contribuir para isso estão:

  • Uma desaceleração consistente da inflação que permita ao Fed reduzir os juros.
  • Sinais claros de estímulos econômicos, como injeção de liquidez pelo Tesouro.
  • Um ambiente global mais estável, com redução das tensões comerciais, especialmente entre EUA e China.
  • Continuidade das entradas em ETFs de Bitcoin, fortalecendo a percepção institucional.
  • Melhoria no desempenho do mercado acionário, principalmente do S&P 500.

Vale destacar que a correlação entre Bitcoin e o S&P 500 raramente dura mais de dois meses, o que pode indicar uma possível dissociação no curto prazo. Isso pode abrir espaço para que o BTC siga um caminho mais independente, aumentando sua atratividade como ativo de diversificação.

O papel dos investidores institucionais e a mudança na percepção do Bitcoin

A entrada líquida de US$ 320 milhões em ETFs de Bitcoin à vista em 14 de maio é um indicativo importante de que os investidores institucionais estão gradualmente mudando sua percepção do BTC. Historicamente visto como um ativo de alto risco e altamente volátil, o Bitcoin começa a ser encarado como um instrumento financeiro com características únicas, que não necessariamente se correlaciona com outros mercados tradicionais.

Essa mudança pode contribuir para a redução da volatilidade do Bitcoin a médio e longo prazo, tornando-o uma opção mais estável dentro da carteira dos grandes investidores, e isso pode reduzir as chances de quedas bruscas mesmo em momentos de estresse macroeconômico.

Conclusão: entre a confiança institucional e os riscos macroeconômicos

O Bitcoin vive um momento de transição: por um lado, a confiança institucional crescente e a resiliência do suporte técnico sugerem fundamentos sólidos; por outro, a volatilidade macroeconômica e a correlação com ativos de risco ainda limitam avanços mais agressivos.

Para os investidores, o atual cenário representa tanto um desafio quanto uma oportunidade. A expectativa é de que, mantida a entrada de capital institucional e caso haja alguma melhoria no ambiente econômico global, o Bitcoin possa enfim romper os US$ 105 mil e buscar novas máximas em 2025.

Enquanto isso, acompanhar de perto os indicadores econômicos, o comportamento do mercado acionário e os fluxos institucionais será fundamental para entender o próximo movimento do mercado cripto.


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Este artigo tem caráter exclusivamente informativo e não deve ser interpretado como uma recomendação de investimento, conselho financeiro, jurídico ou qualquer outra forma de orientação profissional. O mercado de criptomoedas é altamente volátil e envolve riscos significativos. Recomendamos que os investidores realizem suas próprias pesquisas e consultem profissionais especializados antes de tomar decisões financeiras.