O Bitcoin (BTCUSD) encerra outubro com desempenho moderado, mas com estrutura técnica e on-chain que ainda sugere força para uma recuperação. Após passar boa parte do mês lateralizado, com alta acumulada de apenas 1,5%, o ativo mostrou reação na última semana e subiu quase 5%, reacendendo o debate sobre uma possível reversão de tendência.
No início da semana, o BTC chegou a ultrapassar brevemente US$ 113.200, antes de ser rejeitado na região de US$ 115 mil, nível que hoje separa a cautela da retomada de força. Essa rejeição foi interpretada como um movimento esperado um ajuste técnico após forte avanço mas os dados indicam que a estrutura de alta ainda não foi perdida.
Por que o rompimento falhou?
Segundo dados da CryptoQuant, o primeiro sinal de fraqueza veio não dos gráficos, mas do comportamento on-chain. As métricas Spent Output Value Bands mostraram um aumento expressivo na pressão vendedora entre 25 e 28 de outubro, principalmente por parte de investidores institucionais e grandes carteiras.
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O grupo de tubarões (100 a 1.000 BTC) aumentou suas transferências para exchanges de 1.046 BTC para 7.191 BTC no período. Já as baleias (1.000 a 10.000 BTC) adicionaram cerca de 3.250 BTC em envios para plataformas de negociação.
Esses movimentos geralmente indicam realização de lucro de curto prazo ou estratégias de hedge para proteger posições. A entrada repentina de grandes volumes de Bitcoin nas exchanges inundou o mercado de oferta, coincidindo justamente com o teste da resistência de US$ 115 mil. O resultado foi um travamento da alta e uma rejeição técnica esperada.
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Investidores de longo prazo mantêm o equilíbrio
Apesar da pressão vendedora das grandes carteiras, os investidores de longo prazo seguem acumulando. O indicador Holder Accumulation Ratio (HAR), medido pela Glassnode, permaneceu em 60,2%, nível que indica acúmulo líquido de Bitcoin.
Valores acima de 50% significam que mais carteiras estão aumentando seus saldos do que vendendo, mostrando confiança na valorização futura. Embora o índice esteja um pouco abaixo da máxima recente de 63%, ele ainda mostra que a base compradora permanece sólida.
Esse comportamento é fundamental para sustentar a estrutura do mercado. Quando investidores de longo prazo absorvem as moedas vendidas pelas baleias, o impacto negativo da pressão vendedora é minimizado. O resultado é um mercado equilibrado e resistente a quedas abruptas.
Formação técnica sugere recuperação
Do ponto de vista técnico, o Bitcoin segue dentro de um padrão ombro-cabeça-ombro invertido (OCOi) — uma estrutura clássica de reversão altista. Essa formação indica a transição de um impulso vendedor para um impulso comprador e permanece válida enquanto o BTC se mantiver acima de US$ 106.600, que funciona como base do padrão.
O Índice de Força Relativa (RSI), indicador que mede o equilíbrio entre compra e venda, reforça essa visão. Entre 13 e 26 de outubro, o RSI mostrou uma divergência baixista oculta, momento em que o preço do Bitcoin formou um topo mais baixo, enquanto o RSI marcava um topo mais alto. Essa discrepância revelou perda de fôlego comprador, que culminou na rejeição próxima a US$ 115 mil.
Contudo, essa divergência já foi neutralizada, com o RSI e o preço voltando a se mover em sintonia. Isso indica que o mercado se estabilizou e que a pressão vendedora perdeu intensidade, criando o cenário ideal para uma recuperação gradual.
Níveis técnicos a observar
No curto prazo, o nível de US$ 115 mil continua sendo o principal ponto de resistência a ser superado. Se o Bitcoin conseguir um fechamento diário sólido acima dessa marca, o rompimento da “linha de pescoço” do padrão OCOi pode abrir caminho para US$ 117.300 e US$ 125.900, próximos da máxima histórica.
Por outro lado, se o preço cair abaixo de US$ 106.600, o padrão seria invalidado, podendo levar o BTC a buscar US$ 103.500 um suporte importante e provável ponto de entrada para compradores institucionais.
Contexto de mercado e sentimento
Enquanto as baleias fazem ajustes de curto prazo, o sentimento de longo prazo entre investidores segue otimista. O índice de medo e ganância mostra uma leitura próxima de 50 pontos sinal de neutralidade e espaço para o otimismo crescer sem euforia.
A expectativa agora gira em torno dos próximos eventos macroeconômicos, especialmente a decisão do Federal Reserve (Fed) sobre juros e os desdobramentos da política comercial entre Estados Unidos e China, que continuam influenciando os mercados globais.
Se o cenário externo se estabilizar e o fluxo institucional em ETFs de Bitcoin continuar positivo, a probabilidade de uma nova perna de alta ainda em novembro é elevada.
Conclusão
A rejeição em US$ 115 mil não significa o fim da tendência de alta. Pelo contrário, os dados on-chain e técnicos apontam estabilidade e mostram que a acumulação segue forte entre holders.
Com o Bitcoin sustentando o suporte em US$ 106.600 e o RSI voltando a se alinhar, o mercado dá sinais de estar se preparando para um novo impulso. Se o rompimento ocorrer, o BTC pode mirar entre US$ 117 mil e US$ 125 mil, marcando o início de uma nova fase altista.

