Bitcoin enfrenta possível queda, mas sinais técnicos sugerem fundo próximo
O preço do Bitcoin (BTC) voltou ao centro das discussões após um mês de forte volatilidade e desempenho negativo. Analistas do mercado tradicional, como Mike McGlone, da Bloomberg, acreditam que o ativo pode enfrentar uma correção de até 50%, retornando para níveis próximos a US$ 56.000.
No entanto, especialistas da Glassnode uma das principais empresas de análise on-chain do setor sugerem que o cenário pode não ser tão alarmante. Dados técnicos indicam que o Bitcoin pode estar apenas passando por uma fase de reavaliação saudável, dentro de um ciclo de alta ainda intacto.
Atualmente, o BTC é negociado em torno de US$ 101.380, após ter caído brevemente para US$ 98.000 em 4 de novembro a primeira vez em quatro meses que o preço ficou abaixo da marca psicológica de US$ 100.000.
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Análise de Mike McGlone: “US$ 100 mil pode ser apenas uma parada antes dos US$ 56 mil”
Segundo Mike McGlone, analista sênior da Bloomberg Intelligence, o Bitcoin pode estar entrando em um momento natural de ajuste técnico após um dos ralis mais fortes dos últimos anos.
“Minha análise do gráfico mostra como tem sido normal para a primeira criptomoeda retornar à sua média móvel de 48 meses, atualmente em torno de US$ 56.000, após ralis tão estendidos quanto os de 2025”, explicou McGlone em uma publicação no X (antigo Twitter).
Esse tipo de movimento, segundo o analista, faz parte do comportamento cíclico do Bitcoin, que costuma alternar fases de forte alta com períodos de consolidação mais profundos.
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Apesar da previsão mais pessimista, McGlone destacou que a queda não necessariamente invalida o ciclo de valorização de longo prazo, mas redefine o ponto de equilíbrio entre compradores e vendedores.
Indicadores on-chain apontam que o fundo pode já ter sido atingido
Enquanto os analistas tradicionais projetam quedas mais acentuadas, os dados on-chain contam uma história diferente. Segundo o relatório semanal da Glassnode, o mercado atual mostra sinais de estresse moderado, sem evidências de capitulação massiva.
Um dos indicadores mais observados é o MVRV (Market Value to Realized Value), que mede se o Bitcoin está supervalorizado ou subvalorizado em relação ao seu preço médio realizado. De acordo com a XWIN Research Japan, o índice caiu para níveis que, historicamente, coincidem com fundos locais do mercado.
A Glassnode complementa essa análise ao destacar a métrica de perdas não realizadas relativas, que mostra quanto do valor total do mercado está atualmente em prejuízo.
“A leitura atual de 3,1% sugere apenas estresse moderado, comparável às correções intermediárias nos trimestres 3 e 4 de 2024 e 2 de 2025, todas abaixo do limite de 5%”, explica o relatório.
Esses dados contrastam com o cenário do mercado de baixa de 2022–2023, quando as perdas não realizadas ultrapassaram 10%, indicando pânico generalizado.
Mercado repete padrão de correções anteriores
A Glassnode destacou que a atual movimentação do Bitcoin se assemelha a correções intermediárias observadas em ciclos passados. Essas fases costumam ocorrer quando investidores realizam lucros, levando o preço a testar suportes técnicos antes de retomar o impulso de alta.
Durante o terceiro trimestre de 2024, por exemplo, o BTC também enfrentou uma queda de mais de 20%, mas logo se recuperou, impulsionado por entradas em ETFs e fluxos institucionais.
Se o padrão se repetir, o atual recuo pode representar uma janela de acumulação para investidores de longo prazo, especialmente com o halving se aproximando evento que tradicionalmente reduz a oferta e aumenta o potencial de valorização do ativo.
Divergência entre previsões: de US$ 56 mil a US$ 1,5 milhão
Enquanto McGlone vê uma possível correção até US$ 56 mil, outros analistas mantêm projeções otimistas para o Bitcoin.
A CEO da ARK Invest, Cathie Wood, por exemplo, ajustou sua projeção de longo prazo, reduzindo o preço-alvo do BTC de US$ 1,5 milhão para US$ 1,2 milhão até 2030. Mesmo com o corte, a estimativa segue extraordinariamente alta, baseada no crescimento do uso institucional e na escassez digital do ativo.
Wood ressalta, contudo, que o avanço das stablecoins está “corroendo o papel do Bitcoin como reserva de valor” em alguns mercados emergentes, o que pode limitar seu domínio no curto prazo.
Já Vineet Budki, CEO da Sigma Capital, adota um tom mais cauteloso, prevendo uma retração de até 70% nos próximos dois anos, impulsionada por ciclos de liquidez global e possível endurecimento regulatório.
Perspectiva técnica e psicológica do mercado
Do ponto de vista técnico, o nível de US$ 100 mil é visto como uma zona de suporte crítica. Caso o BTC consiga consolidar-se acima dessa faixa, analistas esperam uma recuperação gradual para US$ 107 mil e US$ 112 mil.
Por outro lado, uma quebra abaixo desse patamar pode levar o preço até US$ 92 mil ou US$ 85 mil, dependendo da força dos vendedores.
No aspecto psicológico, a superação da barreira dos US$ 100 mil tem peso simbólico, e quedas abaixo desse valor tendem a provocar medo entre investidores de varejo o que pode, paradoxalmente, gerar oportunidades de compra para players institucionais.
Conclusão: correção sim, colapso não
Embora previsões de quedas acentuadas causem apreensão, os dados on-chain e históricos apontam para um cenário de ajuste natural, não de colapso estrutural.
Com perdas não realizadas moderadas, fundamentos sólidos e investidores de longo prazo mantendo posições, o mercado de Bitcoin parece mais em fase de consolidação do que em declínio.
Para os analistas da Glassnode, o atual momento reflete uma pausa dentro de um ciclo de alta mais amplo uma reavaliação de preços antes de um possível retorno ao movimento ascendente.
