Bitcoin rompe os US$ 114.000 com dados de inflação abaixo do esperado
O Bitcoin (BTC) voltou a surpreender os investidores ao ultrapassar a marca de US$ 114.000 pela primeira vez desde agosto. O movimento ocorreu logo após a divulgação dos dados de inflação ao produtor (PPI) nos Estados Unidos, que vieram mais fracos do que o esperado, aumentando as apostas de que o Federal Reserve (Fed) pode iniciar um ciclo de cortes de juros já em setembro.
Em agosto, o PPI caiu para 2,6% em relação ao ano anterior, contra a projeção de 3,3%. O núcleo do índice, que exclui alimentos e energia, também apresentou desaceleração, chegando a 2,8%, bem abaixo do consenso de 3,5%. Esses números reforçaram a leitura de que a pressão inflacionária está perdendo força.
Expectativas de cortes de juros aumentam
Com a inflação em desaceleração, os mercados começaram a precificar de forma mais agressiva a possibilidade de cortes de juros pelo Federal Reserve. Essa perspectiva se fortaleceu ainda mais após a revisão para baixo dos dados de julho e da correção nos números de emprego, que retiraram 911.000 vagas do balanço oficial dos últimos 12 meses.
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Para analistas, esse conjunto de informações aponta para uma economia norte-americana menos aquecida, abrindo espaço para políticas monetárias mais dovish. Isso costuma ter impacto direto sobre ativos de risco, como criptomoedas.
Impacto da inflação e histórico do Bitcoin em ciclos de flexibilização
O analista Skew destacou que as tendências de inflação ao produtor geralmente apresentam atraso em relação ao Índice de Preços ao Consumidor (CPI), o que significa que ainda pode haver volatilidade no curto prazo. Porém, a tendência aponta para uma trajetória de desaceleração inflacionária no quarto trimestre de 2025.
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Historicamente, períodos de corte de juros pelo Fed trouxeram turbulência inicial para o Bitcoin, seguidos por fortes ciclos de valorização. Isso ocorreu tanto em 2020, durante a pandemia, quanto no ciclo de flexibilização monetária de 2024.
Indicadores on-chain reforçam o padrão histórico
Dois indicadores on-chain ajudam a entender esse movimento:
- MVRV (Market Value to Realized Value): mede a relação entre a capitalização de mercado e a capitalização realizada do Bitcoin. Quando está próximo de 1, indica que o ativo está subvalorizado. Em contrapartida, níveis entre 3 e 4 apontam para sobrevalorização.
- Whale Ratio: mostra a participação de grandes transações nas entradas de exchanges, refletindo o comportamento das baleias. Altas nesse indicador sugerem forte pressão vendedora, enquanto quedas indicam acumulação.
Na crise de 2020, o MVRV caiu para próximo de 1, enquanto o Whale Ratio disparou, evidenciando pânico no mercado. Contudo, após a volta da liquidez, esses indicadores sinalizaram recuperação, impulsionando o Bitcoin a novos recordes.
Perspectivas para o preço do Bitcoin
Se o padrão histórico se repetir, o ciclo de cortes de juros esperado para setembro poderá trazer inicialmente volatilidade, mas tende a sustentar uma valorização de longo prazo.
Pesquisas apontam que o Bitcoin precisaria corrigir até a faixa de US$ 104 mil para repetir movimentos anteriores de alta saudável. Porém, a estrutura de mercado sugere que, após esse possível ajuste, o BTC pode mirar a região dos US$ 120 mil ainda em 2025.
Traders, por sua vez, estão adotando estratégias de redução de risco diante da incerteza macroeconômica, mas a confiança de que a liquidez adicional poderá fortalecer o mercado cripto continua elevada.
Conclusão
O rompimento dos US$ 114.000 pelo Bitcoin reflete não apenas o alívio nos dados de inflação dos Estados Unidos, mas também a expectativa de cortes de juros pelo Federal Reserve. Embora haja risco de turbulência no curto prazo, os fundamentos on-chain e o histórico de ciclos monetários indicam que o Bitcoin pode estar apenas no início de uma nova fase de valorização.
Como sempre, é importante reforçar que investimentos em criptomoedas envolvem riscos, e cada investidor deve realizar suas próprias análises antes de tomar decisões.