IOF unificado: o que mudou
O governo brasileiro decretou, em maio, a unificação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em 3,5% para diferentes segmentos da economia. A medida, que busca reforçar o caixa federal em R$ 20,5 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026, trouxe impactos imediatos sobre operações de crédito, câmbio e investimentos.
Entre os pontos mais relevantes, destacam-se:
- IOF em 3,5% para cartões internacionais, cartões pré-pagos, cheques-viagem e compra de moeda em espécie.
- Cobrança também aplicada em remessas para contas no exterior, empréstimos externos de curto prazo e diversas operações envolvendo seguros e crédito.
Essa padronização, embora aumente a previsibilidade tributária, também eleva o custo de transações internacionais, incentivando a busca por alternativas como as stablecoins.
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Crescimento das stablecoins no Brasil
Segundo a plataforma Biscoint, as stablecoins registraram crescimento de 40% no estoque nacional após a unificação do IOF. Esse avanço não se deve apenas ao impacto tributário, mas também a outros fatores:
- Acesso democratizado: fintechs e exchanges tornaram a compra e venda de stablecoins simples e acessível.
- Alternativa ao Swift: o sistema tradicional de remessas internacionais é caro e lento, enquanto as stablecoins oferecem agilidade e baixo custo.
- Proteção cambial: em períodos de instabilidade econômica, tokens lastreados em moedas fortes, como dólar e euro, ajudam a preservar o poder de compra.
O papel das stablecoins no dia a dia
De acordo com o InvestTalk do Banco do Brasil, as stablecoins já deixaram de ser apenas um nicho do mercado cripto e passaram a integrar discussões sobre meios de pagamento, proteção de valor e inovação cambial.
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Hoje, é possível:
- Comprar produtos e serviços com stablecoins.
- Pagar boletos com a mesma facilidade de um Pix.
- Enviar recursos ao exterior com custos menores e liquidez imediata.
Essas facilidades atraem tanto investidores quanto turistas, que já utilizam stablecoins para reduzir custos em viagens ao Brasil.
Bancos e o desafio da regulamentação
Apesar do avanço, os bancos tradicionais ainda atuam com cautela. A indefinição regulatória do Banco Central (BC) gera insegurança sobre o enquadramento das stablecoins nas regras de câmbio e sobre a incidência do IOF.
Durante o 26º Encontro Anual do Santander, o CEO do BTG Pactual, Roberto Sallouti, destacou que as stablecoins vão transformar o mercado, ampliando o alcance global das instituições via blockchain. Porém, alertou que a falta de regulamentação coloca os bancos em desvantagem frente às exchanges, que operam com mais flexibilidade.
Impactos para investidores e empresas
A popularização das stablecoins traz reflexos diretos para diferentes perfis:
- Investidores de varejo encontram uma forma acessível de proteger patrimônio contra a volatilidade do real.
- Empresas exportadoras e importadoras podem reduzir custos de transação internacional.
- Turistas estrangeiros conseguem maior praticidade ao realizar pagamentos no Brasil.
Em junho de 2025, o país movimentou R$ 9,6 bilhões em stablecoins, consolidando o Brasil como um dos principais mercados para esses ativos na América Latina.
Stablecoins e o futuro do IOF
A grande questão em aberto é se o governo manterá a cobrança de IOF sobre stablecoins no futuro. Caso sejam enquadradas como operações de câmbio, o custo pode reduzir parte da atratividade.
Ainda assim, a praticidade, o alcance global e a digitalização das finanças tornam as stablecoins uma tendência quase irreversível. A expectativa é que, com uma regulamentação clara, bancos e fintechs possam competir em condições mais equilibradas, ampliando as opções para o consumidor final.
Conclusão
A unificação do IOF a 3,5% está acelerando a corrida dos brasileiros para as stablecoins. O movimento reflete uma busca por eficiência financeira, proteção de valor e inovação no mercado de pagamentos.
Mesmo diante de incertezas regulatórias, o avanço desses ativos digitais demonstra que o Brasil está em um momento decisivo: adaptar-se às transformações trazidas pela blockchain ou correr o risco de ficar para trás em competitividade global.


