O mercado de criptomoedas começou esta quarta-feira (06/08) com sinais claros de retração, refletindo um cenário macroeconômico cada vez mais complexo e incerto. Com um recuo de 0,9%, o market cap global das criptomoedas atingiu US$ 3,72 trilhões. O Bitcoin, principal ativo do setor, caiu para a faixa dos US$ 113 mil, acumulando uma perda semanal de 3,7%.
Essa instabilidade não afeta apenas o Bitcoin. A maioria das altcoins também opera em baixa, acompanhando o movimento de cautela dos investidores diante das recentes medidas econômicas do governo norte-americano, liderado por Donald Trump.
Pressão Vendedora: Impacto das Tarifas de Trump
A queda do Bitcoin e de outros criptoativos está diretamente relacionada à nova onda de tarifas impostas por Trump a diversos países. Essas medidas protecionistas, parte do chamado Big Beautiful Bill, têm causado apreensão nos mercados internacionais.
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Apesar de ser apresentada como uma forma de recuperação da balança comercial dos EUA, a proposta vem acompanhada de cortes em incentivos à energia limpa e aumento nos gastos com segurança de fronteira. Segundo o Escritório de Orçamento do Congresso, o pacote deve elevar a dívida pública americana em mais de US$ 3,8 trilhões, somando-se aos já elevados US$ 36,2 trilhões.
O reflexo direto foi sentido nos índices tradicionais de ações: o S&P 500 caiu para 6.299,19 pontos e o Nasdaq recuou para 20.916,55, reforçando a correlação entre os mercados acionário e cripto.
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Dólar Perde Força e Treasuries Avançam
O índice DXY, que mede a força do dólar frente a uma cesta de moedas, recuou para 98,60 pontos, sinalizando desconfiança por parte dos investidores. Em contrapartida, os títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries) passaram a oferecer rendimentos mais altos para tentar reter capital, diante da fuga de liquidez do país.
Esse movimento também pressiona os mercados emergentes e favorece ativos alternativos, como criptomoedas e commodities, incluindo stablecoins lastreadas em ouro, como o Tether Gold (XAUT), que teve leve alta de 0,15%, cotado a US$ 3.359.
Federal Reserve Pode Reduzir Juros
Outro fator que contribui para o cenário volátil é a expectativa crescente de que o Federal Reserve possa cortar os juros em breve. Analistas já estimam em 85% a chance de uma redução, após os dados fracos do payroll divulgados na última sexta-feira (1º). O relatório indicou apenas 73 mil novas vagas de emprego, contra uma estimativa de 106 mil, o que sinaliza um esfriamento do mercado de trabalho nos EUA.
Essa perspectiva favorece momentaneamente ativos de risco, mas ainda não foi suficiente para reverter o movimento de queda nas criptomoedas.
Altcoins Sofrem Ainda Mais
O índice altseason, que mede o desempenho das 100 principais altcoins em relação ao Bitcoin, recuou de 42 para 36 pontos. Isso indica uma saída contínua de capital das altcoins, com destaque para perdas expressivas em projetos como:
- Litecoin (LTC): US$ 116,82 (-8,8%)
- FARTCOIN: US$ 0,95 (-7,5%)
- PENGU: US$ 0,033 (-7,1%)
- BONK: US$ 0,000024 (-7,2%)
Por outro lado, algumas criptomoedas apresentaram altas expressivas, como:
- TROLL: US$ 0,19 (+66%)
- MYX: US$ 2,06 (+38%)
- PROVE: US$ 1,19 (+31,4%)
Mercado de Futuros Também Recuou
De acordo com dados da Coinglass, o volume de negociações em Futuros caiu para US$ 267,5 bilhões (-3%), com o Interesse Aberto em US$ 177,9 bilhões (-2,7%). As liquidações totais chegaram a US$ 297,6 milhões nas últimas 24 horas, sendo que a maior parte foi de posições compradas, o que indica apostas frustradas na alta do mercado.
ETFs de Bitcoin Sob Pressão
Os ETFs de Bitcoin nos Estados Unidos também enfrentaram saídas líquidas de US$ 196,18 milhões. Já os ETFs de Ethereum, por outro lado, registraram entradas líquidas de US$ 73,22 milhões, refletindo uma possível mudança de preferência dos investidores institucionais.
Cenário Brasileiro: Pix Ganha Destaque
Apesar das tensões globais, o Brasil segue consolidando sua presença no setor cripto, especialmente com a crescente adoção do Pix. Recentemente, a Ledger passou a integrar o Pix como método de compra direta de Bitcoin dentro da carteira, destacando o país como um dos mercados mais promissores para a empresa.
Além disso, stablecoins pareadas ao real seguem ganhando espaço, especialmente em operações de remessas internacionais. A combinação dessas stablecoins com o Pix tem se mostrado eficiente e competitiva frente a soluções tradicionais, inclusive com vantagens tributárias.
Conclusão
O momento atual do mercado de criptomoedas é de cautela. A combinação entre política protecionista dos EUA, possíveis mudanças na taxa de juros, desaceleração do mercado de trabalho e incertezas macroeconômicas cria um ambiente desafiador.
Ainda que ativos alternativos como criptomoedas e stablecoins possam se beneficiar em certos contextos, a volatilidade permanece elevada. A recomendação, portanto, é que investidores estejam atentos às movimentações geopolíticas e macroeconômicas antes de tomar qualquer decisão.
Nota: Este artigo tem caráter meramente informativo. Não constitui recomendação de investimento, compra ou venda de ativos financeiros.
