Bitcoin quebra recorde histórico em reais
Em 14 de julho de 2025, o Bitcoin atingiu um novo recorde de cotação em reais, chegando a R$ 681.000, de acordo com dados da TradingView. O valor supera a máxima anterior de R$ 669.735 registrada em dezembro de 2024, impulsionado por fatores externos e internos.
Apesar de o BTC já ter renovado suas máximas em dólar em outros momentos do ano, foi a recente desvalorização do real que colaborou para esse novo topo em moeda local. Esse movimento reacende as discussões sobre o papel do Bitcoin como reserva de valor e proteção cambial, especialmente em tempos de instabilidade econômica e política.
Pressões geopolíticas e econômicas: o impacto das tarifas dos EUA
O gatilho mais recente para a mudança de cenário cambial foi o anúncio do ex-presidente norte-americano Donald Trump de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, programada para entrar em vigor no dia 1º de agosto, interrompeu um ciclo de valorização do real que já durava quatro meses.
Anúncios
Segundo a analista Sarah Uska, do Bitybank, “tarifas dessa magnitude tendem a reduzir as exportações brasileiras, diminuindo o fluxo de dólares e pressionando o câmbio”. Mesmo com a queda de 11% do DXY em 2025, o real sofre pressões específicas que podem enfraquecê-lo frente à moeda norte-americana.
Além do aspecto econômico, especialistas apontam que há um contexto geopolítico claro por trás das ações do governo norte-americano. Victor Alfa, Head de Conteúdo da DeFiverso, destaca que a carta enviada por Trump ao governo brasileiro também incluiu menções a temas internos, como o julgamento de Jair Bolsonaro e censura em redes sociais. “Essas ações extrapolam questões comerciais e revelam uma retaliação política e geoestratégica”, avalia.
Anúncios
Riscos aumentam: fuga de capitais e risco país
Caso o governo brasileiro reaja com medidas retaliatórias, a percepção de risco país pode aumentar. Isso desencadearia uma possível fuga de capitais, afetando negativamente os investimentos estrangeiros no Brasil e agravando ainda mais a pressão sobre o câmbio.
Experiências anteriores, como a guerra comercial entre EUA e China (2018–2019), demonstram que tarifas elevadas podem levar à significativa desvalorização cambial. No caso chinês, o yuan perdeu cerca de 10% de valor. No caso brasileiro, as projeções são ainda mais expressivas, variando entre 15% e 20% de depreciação do real.
Bitcoin como proteção cambial para brasileiros
Neste cenário, o Bitcoin surge como alternativa sólida de proteção. Thiago Fagundes, diretor do Mercado Bitcoin (MB), afirma: “Quando o real perde valor, o BTC tende a se valorizar em reais, mesmo sem alteração no seu preço em dólar. Isso o torna um instrumento eficaz de hedge em economias emergentes.”
Essa dinâmica é particularmente relevante para investidores brasileiros, que além de estarem expostos à volatilidade do mercado cripto, enfrentam também riscos fiscais e cambiais crescentes no ambiente doméstico.
Projeções: Bitcoin pode atingir R$ 1 milhão?
Os especialistas estão divididos quanto ao valor que o BTC pode alcançar no Brasil em 2025. Em um cenário mais conservador, Thiago Fagundes estima que, com o Bitcoin a US$ 150.000 e o dólar variando entre R$ 5,60 e R$ 5,90, a criptomoeda chegaria a até R$ 885.000.
Já Victor Alfa apresenta uma projeção mais agressiva. Ele considera a possibilidade do dólar atingir entre R$ 6,42 e R$ 6,70 devido às tarifas e instabilidades econômicas. Se o BTC alcançar US$ 150.000, o preço em reais ficaria entre R$ 963.964 e R$ 1.005.876 — o que representaria uma valorização superior a 50% frente ao nível atual.
Perspectiva cambial para o segundo semestre
As instituições financeiras também traçam um cenário pessimista para o real até o fim do ano. Segundo o Boletim Focus e análises de bancos como Santander, Itaú e BTG Pactual, o dólar pode chegar a R$ 6,00 ou mais. O BTG vai além, prevendo até R$ 7,10, impulsionado por:
- Risco fiscal elevado, com déficit público crescente
- Políticas protecionistas dos EUA
- Desaceleração econômica da China, afetando commodities como soja e minério
Essa combinação amplia os riscos para o real e favorece ativos globais como o BTC.
Bitcoin: um ativo estratégico para tempos instáveis
Com fundamentos sólidos, avanço da regulamentação e maior adoção institucional, o Bitcoin está cada vez mais inserido no contexto econômico global como um ativo estratégico. Em economias como a brasileira, onde o câmbio pode ser altamente volátil, o papel do BTC como reserva de valor ganha ainda mais relevância.
Além disso, o discurso público sobre alternativas ao sistema financeiro tradicional fortalece a narrativa de descentralização e proteção de patrimônio.
Conclusão:
O cenário brasileiro em 2025 é marcado por instabilidade, riscos fiscais, conflitos geopolíticos e pressão cambial. Tudo isso contribui para um ambiente favorável ao Bitcoin como ativo de proteção.
Caso o real continue se desvalorizando e o BTC mantenha sua tendência de alta, a possibilidade de vermos a criptomoeda superar a marca de R$ 1 milhão se torna cada vez mais real.
Aviso: Este é um artigo informativo e não constitui recomendação de investimento. Toda aplicação em criptoativos envolve riscos. Faça sua própria análise antes de tomar qualquer decisão.